segunda-feira, 1 de agosto de 2011

cortem as cabeças!









Bicho de sete cabeças 

Não dá pé
Não tem pé, nem cabeça
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito
Não tem nem talvez ter feito
O que você me fez desapareça
Cresça e desapareça...

Não tem dó no peito
Não tem jeito
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem pé, não tem cabeça
Não dá pé, não é direito
Não foi nada
Eu não fiz nada disso
E você fez
Um Bicho de Sete Cabeças...

Não dá pé
Não tem pé, nem cabeça
Não tem ninguém que mereça (Não tem ninguém que mereça)
Não tem coração que esqueça (Não tem pé, não tem cabeça)
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito (Não dá pé, não é direito)
Não tem nem talvez ter feito (Não foi nada, eu não fiz nada disso)
O que você me fez desapareça (E você fez um)
Cresça e desapareça... (Bicho de Sete Cabeças)

Bicho de Sete Cabeças!
Bicho de Sete Cabeças!
Bicho de Sete Cabeças!


AZEVEDO, Geraldo
RAMALHO, Zé
ROCHA, Renato

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Há quem diga que monstros semi-humanos, criaturas fantasmagóricas e bichos de não sei quantas cabeças gostam mesmo é de habitar os bosques. Definitivamente eu não gosto de bosques. Apesar de aparentemente encantadores, são enfadonhos, superficialmente acolhedores, monótonos e quase incapazes de nos revelar surpresas agradáveis. Por ter o potencial de nos fazer revistar nossos fragmentos mais obscuros, os bosques também costumam ser abrigo ou destino dos espectros dos nossos desejos que ficaram para trás - de tão incoerentes e obsoletos que nos transparecem - a partir do momento que somos capazes de enxergar algum horizonte através de um feixe maior de clareza. 
Uma ode à degola dos bichos de poucas e muitas cabeças, ode aos seus destinos fadados ao esquecimento (diretamente da escuridão dos bosques)! Aberrações, fantasmas e assombrações: estão autorizados a ficar...bem longe de onde eu estiver... lá no bosque.

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