terça-feira, 26 de outubro de 2010

'na sua luta contra o mundo, aposte no mundo!'


* Outro dia alguém, que não me recordo ao certo, me contou uma situação que custei a digerir. Então era isso, pra começar as férias com o pé direito. Depois de verem um filme o balanço total do dia resultou a três amigos, mais ou menos, uns 6 a 8 murros na boca do estômago só nos primeiros 40 minutos de iniciada a sessão. Antes que eu comece a destrinchar as questões do filme, vou logo dizendo que esta será a pauta do próximo post ;)

Em todo o caso, após o cinema, o biricutico livrou aquele trio de almas de uma ida – sem escalas – ao quentinho aconchego de suas caminhas e, em especial, porque ali estariam os lindos travesseiros prestes a ficar encharcados por conta do pocinho de lágrimas que deixariam ali nas próximas horas. Aaai, o álcool... Providencialmente sensato.

Ultrapassado o domingo, eis a aí o tão sonhado primeiro dia de férias.

- Eis que na segunda-feira, de repente, me vejo atropelado (a) por uma enxurrada de palavras um tanto desconexas e outras tantas, na maior parte do tempo, incoerentes. Duras, secas e reais. Deve ser porque precisam se parecer com o (a) destinatário (a), só pra assegurar que são para ele (a) mesmo.

E aí a grande revelação veio à tona: me deparo com um colossal “não consigo te imaginar chorando”, evidentemente antecedido pelo tão tradicional “quero que você seja feliz”. É um clichê bem propício e elegante para aqueles que saem de uma (pseudo) relação e conseguem se manter supostamente maduros. Pronto! Bastou para se tornar o estopim de um surto de pânico.

- Não por não me enquadrar na categoria dos que saem supostamente maduros, mas por perceber que mesmo após um tempo de convivência é bem provável que as pessoas mais próximas de nós e, teoricamente, com maior afinidade, não façam a menor ideia de quem realmente sejamos.

Caceta! Imagina só...¿ Aliás, não! Não imagina! E não é que existe mesmo quem ache que nunca fosse capaz de chorar¿! Aaaahhhhh...!!!

[pausa para um palavrão hediondo dito aos berros]

* Aconteceu com uma amiga de uma amiga minha...

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Caramba! E se foi tanto tempo, tanta energia, prosa e poesia por algo que nem sabia se era ou não real¿ Por favor, não quero colocar em questão aqui a validade e a veracidade dos fatos, das sensações e menos ainda dos sentimentos. Ainda que os tenha inventado, eles existiram porque eu tratei de tocá-los (também pode ter sido coisa da minha cabeça). Deve ser porque os inventei justamente pra isso! Ainda pensando na coisa do “não conhecer o outro”. Será que nós também não o conheceremos e nunca conhecemos anteriormente¿ Será que tudo não passou/passa de uma mera projeção dos nossos desejos e expectativas¿ Será que o que queremos, na verdade, é forçar uma barra para materializarmos nossas probabilidades de relacionamentos de sucesso¿ Sabe aquela coisa meio parnasiana de tudo milimétrico e corretamente perfeito¿! Meu Pai eterno! Será que não era o outro¿ Será que não era eu¿ Será que nunca fui¿ Será que nunca fomos¿ Bem... Em todo o caso, não mais será. Ao passo que algumas coisas parecem fazer uma força danada para acontecerem, outras... Simplesmente não acontecem! Daí a gente precisa mesmo parar de querer competir com a vida, parar de querer enfrentá-la o tempo inteiro a ponto de nos colocar um contra o outro só para pôr a prova quem é mais esperto ou mais criativo. O risco é muito alto. Até mesmo porque... Ela pode nos ganhar de lavada!
Ok, você venceu. Eu me rendo =D

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

carta aberta ao desapego

* Saber desistir é uma arte

Minha vida já deu guinadas tão inacreditáveis que passei a respeitar um pouco mais os roteiros rocambolescos das novelas. E, quanto mais me abro às mudanças de rumo, às possibilidades (ainda que remotas) e até mesmo aos sonhos impossíveis, percebo que novas guinadas podem vir a acontecer __ou a murchar__ como se fossem ondas no mar. Inclusive porque desistir é uma arte e faz parte da vida tanto quanto lutar.

Acho que é uma conseqü
ência natural: a gente se abre pra vida, a vida vem.


Houve uma época em que eu tinha todo o futuro esquematizado na cabeça, mas o tempo foi passando enquanto a realidade parecia me empurrar para outros caminhos, porque por mais que eu me esforçasse, aquele roteiro que eu tinha traçado para mim estava longe de se concretizar. Um dia, entendi que ela, a vida, tem mais imaginação que eu. E aceitei que precisava aprender a “deixar pra trás”.


Amizades infrutíferas, sonhos ou projetos que não se realizam, amores que não evoluem, carreiras que não alavancam, convivências impossíveis, promessas que não se concretizam...



Aprenda a deixar para trás. Aceite que, talvez, seu destino esteja em outro lugar... sem deixar-se cair na armadilha de crer no "destino traçado", porque aí se esconde o perigo de, simplesmente, não agir, não buscar, não desistir, não partir pra outra. Mas é preciso reconhecer que, da mesma maneira que algumas coisas parecem fazer uma força danada para acontecer, outras... não acontecem! Em alguns casos, portanto, desistir pode ser uma atitude sábia, em vez de covarde. E que exige muita força, porque desistir dói.

Mas entenda que o desapego, muitas vezes, é a melhor alternativa, inclusive para que a vida flua, em vez de tornar-se cada vez mais estéril ou frustrante. Deixar para trás nos liberta e nos abre portas inimagináveis para destinos que, antes, nos pareceriam impossíveis.

Aprenda a seguir adiante, e com as mãos vazias, para que possa enchê-las de novo...

Novas amizades, nova carreira, novos sonhos, relacionamentos, oportunidades e todo o resto que faz a vida ser maravilhosa estão ao nosso alcance por toda parte, mas às vezes a gente precisa, antes de estender a mão e agarrar o “novo”, fazer uma reforma íntima e ajustar o foco do nosso olhar sobre nós mesmos: abrir o coração e a vontade para receber o dia e o que ele trouxer na bagagem e usar a inteligência para entender que, para mudar as coisas e o rumo dos acontecimentos, temos antes que mudar a nossa cabeça e desprogramar aquelas ações e reações destrutivas que trazemos gravadas em nós, sem que nos demos conta.

“Eu não mereço”. “É demais pra mim”. “Não pode ser verdade”. “Ah, se eu pudesse...” “Não consigo”. “Felicidade é para os outros”. “Fulano é fdp”. “A vida é dura”. “O ser humano é mau”. “Desconfie sempre".


Temos que nos desarmar porque não estamos em combate com a vida: ela de um lado no ringue, e nós do outro, lutando para impor nossa vontade diante de um inimigo perigoso de modo que não precisemos desistir de nada. Sei que não é fácil mudar nosso olhar e nosso comportamento, ou deixar de brigar com a vida e com as pessoas. Mas só assim conseguimos de fato abrir mão do que não frutifica, por mais que nos pareça impossível, e mudar o plantio, cultivar outro futuro. Viver um namoro com o tempo, com o mundo. Deixar pra trás o lema de que a vida é uma batalha.


A gente tem que abraçar a vida e fazer amor com ela. Abrace e beije a vida, pra que ela te abrace e te beije de volta!

* Texto retirado do blog Alma Lavada, escrito por Fernanda Dannemann.
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Vale a dica do blog e do texto -
Alma Lavada.
Ei, vida: eis aqui um abraço enorme e um beijo ainda maior! Que tal, hein?

domingo, 3 de outubro de 2010

conversa pré- botas batidas

- Bom mesmo a gente ter conseguido encontrar um tempo pra vir aqui conversar. Ando preocupada com você. Já faz tempo que quero ter essa conversa contigo. Pela primeira vez serei bem dura, que é pra você se você acorda de uma vez.
- Tudo bem, eu aguento!
- O que foram esses dias todos que passaram nesses 2 últimos meses? O que você tava querendo com isso? Ter certeza que você é absurdamente incrível, interessante, bonita, descolada, inteligente e divertida? Cara, você precisa parar de querer provar isso o tempo inteiro! E sabe por quê? Porque você é e ponto. Não é o fulano, o cliclano ou o beltrano que têm que dizer. Eles até dizem, mesmo porque não tem como dizer o contrário. E no final a tua real necessidade é provar isso pra você mesma, ou seja, perda de tempo e energia. Por favor, chega de máscara, de vestir sempre uma armadura todas as vezes que alguém chega mais perto. Não agüento mais ver (mais) uma mulher incrível como você se render ao cetismo das relações e, pior ainda, fazer hora com a cara do amor!
- Você acha mesmo que faço isso?
- Qual é sua dúvida?
É normal, todo mundo quebra a cara, sofre e chora, a não ser quem não se permite viver uma coisa fantástica. Fantástica ainda que seja breve. Meu medo é você começar a achar que não é pra você, que não merece ou que nunca vai acontecer. Tenho mais medo ainda das coisas que não se resolveram até hoje. Quanto tempo ainda vai demorar pra você tomar uma atitude 100% a favor do amor e de você mesma? Mais cinco anos? O que tá faltando pra você dar a cara pra bater, se despir de qualquer medo ou sombra de fracasso? E daí se não for pra acontecer essa história desse jeito?
- Qual foi mesmo a primeira pergunta?

- Só vai importar se você for atrás da resposta! É absolutamente natural ter medo depois de algumas decepções, de gente esquisita, imatura, covarde e principalmente indecisa...O que eu não posso aceitar é te ver com a cabeça cheia de interrogações o tempo inteiro e não alcançar uma resposta defintiva.
- E existe alguma resposta definitiva?

- Não é no sentido de predestinação, como maktub, nada disso. É: quer? Ah, sim, quero, então é isso e vai à luta. Ou então: não quero, não dá, não aconteceu. E tudo bem, vá seguir e buscar outra coisa. Olhe à sua volta, preste atenção nas oportunidades que você já perdeu por não querer se jogar verdadeiramente ou por se sentir presa à uma situação que, na realidade, nunca atou e nem desatou! Isso é um grito e prec
iso que você escute.
- Nem se eu fosse surda deixaria de ouvir...As informações acabaram de ser processadas e neste exato momento me parecem que estão saindo do cérebro diretamente para outro órgão menos metódico.

* diálogo entre duas amigas na cafeteria

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Acho que nunca ouvi alguém fazer um apelo tão sincero. O que mais me chamou a atenção, além das palavras, aparentemente disparadas sem dó e nem piedade (talvez a moça estivesse precisando de algo mais efetivo do que um simples 'puxão de orelha') foram as expressões do rosto dela. Pareciam ser de quem realmente se importava com a menina. Sim, era uma menina...Olhos atentos de quem falava e de quem calava também. Achei a moça corajosa. Sem dúvida, é preciso muita coragem para pontuar as questões mais complicadas do outro e trazê-las à tona para fazer com que ele as encare. Penso que também tenha precisado ter muita certeza de que a menina é muito importante, que é mútuo, e que qualquer frase mais dura jamais colocaria em dúvida o fato de que - sob hipótese alguma - uma situação como esta seria capaz de promover um desafeto; e que o desabafo se deu muito por conta disso. Conhecer o outro e conseguir enxergar sua essência pode ser muito complexo e raro. Torcer por ele e constatar que qualquer indício de felicidade dele faz toda a diferença no teu dia é o que vale por toda uma vida.