quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

190, 199? Não, obrigado!

- Prica, você sabe que no passeio da escola minha mãe me deu um dinheirinho pra usar se acontecesse alguma emergência?! Como não aconteceu nada, não teve nenhuma emergência de verdade, eu usei o dinheiro para comprar uma gaita, ué!

BISPO, Mariana

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Porque era disso que a vida (na grande maioria das vezes) deveria ser feita:
um descartar de preocupações desnecessárias, música ao invés de contratempos, cores em dias de chuva e sol, incríveis simples descobertas, pequenas coragens para enfrentar grandes monstros do escuro [ou claro]. Entre tarefas de casa e o balançar na rede, o quintal deveria se transformar em palco mais vezes e o regar plantas aderir ao codinome 'se refrescar com a mangueira'. Cirandas, 'atireis os paus nos gatos' e piques deveriam ser as trilhas sonoras das tardes de todo o verão. Sorrisos largos, gargalhadas prolongadas e abraços espontâneos seriam sempre de bom tom. Mãos pequeninas afagando nossos rostos podem valer mais que longas semanas em spas. Fábulas, contos e fazes de conta têm poder de narrar ou até mesmo transformar uma vida.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

dez



'Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém
que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la'

LISPECTOR, Clarice

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Ainda que eu feche os olhos consigo ver o olhar,
as mãos longas e suaves
que volta e meia entrelaçavam meus cabelos.
Por mais que eu queira fechar os olhos
ainda vejo toda a intempestividade.

Só porque eu não quero fechar os olhos
voltam as festas e noites de danças.

Ainda que eu esteja dormindo
o encontro acontece com certa frequência.

Por mais que eu queira dormir


os déjà vus vem e vão.
Só porque eu não quero dormir
os sonhos bons são soníferos infalíveis.

Ainda que os olhos estejam marejados
as lágrimas não embaçam o semblante.

Por mais que eu queira deixar os olhos marejarem
a vejo sempre bela.

Só porque eu não quero deixar os olhos marejarem
a saudade ainda costuma sair por eles, de vez em quando.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

sideways

'Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.



Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.
Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.


Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.
Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!


Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?'

MOSKA, Paulinho

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A verdade é que nunca entendi ao certo a fissura das pessoas por paralelas. Eu quero mais é uma vida esquina ou rua principal! Essa coisa das paralelas soa até um pouco poético, mas é pouco prático e nada funcional, sem contar a solidão - sempre companheira.


Eu quero caminhos que se cruzem, com direito a todas as suas pedras e flores do trajeto a que tenho direito. Prefiro o risco do encontro à utopia do 'quase lá' e do 'pertinho' (que nunca chegam). Ruas paralelas são próximas, costumam ter diversas coisas em comum, mas são alheias ao melhor da vida: o ponto de encontro! E ainda têm a monotonia da retidão, a pouca sinuosidade além da pressa que elas, ainda que involuntariamente, nos provocam.

Taí outra coisa que não entendo: pra quê a pressa se não haverá encontro? De quê adianta a ansiedade? Se não há um encontro, daqueles com que se sonham e tudo, as borboletas no estômago são um verdadeiro genocídio!
Travessas perpendiculares me parecem bem interessantes, ainda mais porque são aquelas que - geralmente - culminam numa praça com canteiros floridos e direito à criança incluída no combo! Passeios de bicicletas, piqueniques e pôres do sol me soam tão bem...É pra lá que quero ir!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

seja você quem for, seja o que Deus quiser!

'Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar (...)
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar'


HOLLANDA, Chico Buarque de

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Porque há, de verdade, quem adoraria que o carnaval durasse o ano inteiro. Para os que, apesar do trabalho e cansaço de todo o ano anterior (inclusive nos dias da folia) e da previsão do que já se inicia, fazem reinar sorrisos e serpentinas: bem-vindos ao clube!

Segue abaixo, o roteiro dos famigerados e tão queridos - somente pelos foliões de coração - dos blocos do Rio:

Até quarta de cinzas!