sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Carrie, cadê o (meu) 'za-za-zu'?

- Como é que se sustenta uma relação sem um 'za-za-zu'?
- O quê?
- O frio que dá na barriga, as borboletas no estômago quando se ama e se quer alguém. Não seria isso que mantém as pessoas juntas ao longo dos anos? Mesmo que o amor diminua, vive-se com a memória do 'za-za-zu'.
(...) Um homem mais ou menos é melhor que uma relação mais ou menos? (...) Em se tratando de relações talvez todas as casas tenham telhados de vidro. Porque você nunca vai realmente saber. Alguns se acomodam, outros entram em acordos. E outros se recusam a aceitar qualquer coisa que não cause nada menos que borboletas no estômago.

* conversa entre Carrie, Samantha, Miranda e Charlotte no brunch - durante o episódio 'Adoro uma charada', 5a temporada de Sex and the City.
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Tentando não criar polêmica, ou pelo menos uma que não seja tão apocalíptica, será que os 'za-za-zus' ficaram apenas nas produções cênicas ou literárias? Sem querer fazer tempestade em copo d'água, mas desde já desejando que faça bom tempo - ao menos na frestinha da janela - na maior parte do tempo: quantas tulipas de ceticismo teremos que engolir goela abaixo? Ode à realidade, minha gente! Ãããnnhh...Mas assim, posso salpicar a (meu) gosto generosas pitadas de suspiros, poesias e, por quê não, 'za-za-zus'?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

transcendendo



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É isso, querida. Eu e suas duas queridas somos assim, somos isso. E todas nós somos frutos da mesma árvore. Você é e sempre será nossa tão amada flor. Hoje, em especial, ainda comemoramos por você continuar existindo dentro de nós. A saudade dá lugar a festa, mas as lembranças permencerão conosco até um possível reencontro. Até um dia, até breve.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Gentileza x Nostradamus

'Beijo em pé (como fez o Casillas)

Uma vez, almocei com duas amigas mineiras, ambas casadas há bastante tempo, veteranas em bodas de prata, e ainda bem felizes com seus respectivos. Falávamos das dificuldades e das alegrias dos relacionamentos longos. Até que uma delas fez uma observação curiosa. Disse ela que não tinha do que reclamar, porém sentia muita falta de beijo em pé. Como assim, "beijo em pé"? Depois de um tempo de convívio, explicou ela, o casal não troca mais um beijo apaixonado na cozinha, no corredor do apartamento, no meio de uma festa. É só bitoquinha quando chega em casa ou quando sai, mas beijo mesmo, “aquele”, acontece apenas quando deitados, ao dar início às preliminares. Beijo avulso, de repente, sem promessa de sexo, ou seja, um beijaço em pé, esquece. E rimos, claro, porque quem não se diverte perdeu a viagem. Faz tempo que aconteceu essa conversa, mas até hoje lembro da Lucia (autora da tese) quando vejo um casal se beijando na pista de um show, no saguão de um aeroporto ou na beira da praia. Penso: olha ali o famoso beijo em pé da Lucia. Não devem ser casados. Se forem, chegaram ontem da lua de mel.
Há quem considere o beijo – não o selinho, o beijo! – uma manifestação muito íntima e imprópria para lugares públicos. Depende, depende. Não há regras rígidas sobre o assunto, tudo é uma questão de adequação. Saindo de um restaurante, abraçados, caminhando na rua em direção ao carro, você abre a porta para sua esposa (sim, sua esposa há uns bons 20 anos) e taca-lhe um beijo antes que ela se acomode no assento. Por que não? Porque ela vai querer coisa e você está cansado. Ai, não me diga que estou lendo seus pensamentos. O beijo entre namorados, a qualquer momento do dia ou da noite, enquanto um lava a louça e o outro seca, por exemplo, é um ato de desejo instantâneo, uma afirmação do amor sem hora marcada. No entanto, o tempo passa, o casal se acomoda e o hábito cai no ridículo: imagina ficar se beijando assim, no mais, em plena segunda-feira, com tanto pepino pra resolver. Ninguém é mais criança.
Pode ser. Mas que gracinha de criança foi o goleiro Casillas ao interromper a entrevista da namorada e tacar-lhe um beijo sem aviso, um beijo emocionado, um beijo à vista do mundo, um beijo em pé. Naquele instante, suspiraram todas as garotas do planeta, e as nem tão garotas assim. E os homens se sentiram bem representados pela virilidade do campeão. Pois então: que repitam o gesto em casa, e não venham argumentar que não somos nenhuma Sara Carbonero. Isso não é desculpa'.

MEDEIROS, Martha

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Apesar de ser fã da Martha e visitar seu blog com certa frequência, confesso que não conhecia esse texto. Entre crianças, pizzas e comédias românticas adolescentes, uma amiga comentou sobre a pérola acima. Simples, corriqueira e franca. Tamanha a veracidade que chega a nos causar uma certa estranheza. Por que mesmo permitimos que isso aconteça com a gente tantas vezes? Há quem diga que são apenas detalhes diante de todo um universo da relação. Eu acredito que sejam coisas como essas (simples ou complexas - para alguns) é que são os verdadeiros alicerces de uma vida a dois. Sim, penso que pequenas surpresas e gestos singelos são os grandes responsáveis pelo bom andamento dos namoros ou casamentos. Apesar de parecer fácil, eis aí uma das grandes dificuldades para manter os dois devidamente envolvidos. É claro que o cotidiano corrido, as atribulações do trabalho e o stress do trânsito são perfeitamente capazes de tirar o bom humor (e um bocadinho do senso) de qualquer um. Basta imaginarmos o quão revigorante seria se recebêssemos um telefonema ou torpedinho de nosso (a) companheiro (a) durante o turbilhão de confusões ao longo do dia. Um simples "tenha um ótimo dia e obrigado por todos os outros em que estamos juntos" poderia fazer milagres por toda a semana. O afago espontâneo em meio as pequenas tarefas domésticas ou "O beijo roubado" entre um serão, feito por conta do trabalho levado pra casa, podem se transformar em troféus antecipados ao fim de cada saga do dia a dia. Parece que nos dias de hoje não apenas os gestos românticos ou as demonstrações públicas de afeto soam como ridículas, acho que em um relacionamento contemporâneo a gentileza também não está inclusa no pacote. É como tv por assinatura, para obter um ponto adicional o combo precisa ser plus. Certa vez, assistindo um programa na televisão, vi um cara ligado à música falar sobre o Suassuna e do quanto ele ficou atônito com a atitude do escritor. Segundo o rapaz, ele e sua equipe estavam voltando para São Paulo e/ ou Rio após uma turnê com o Suassuna, quando o autor perguntou ao moço sobre sua esposa Zélia (com quem é casado há mais de 50 anos), após caminhar com ela até hall do aeroporto e retornar para perguntar ao entrevistado "apenas" a seguinte frase : - Ela não é linda?
Uou! Caceta!!! De acordo com as previsões baseadas nos raios-x dos dias atuais, em menos de 50 anos um gesto como esse será mais raro do que ganhar na loteria. Logo, no século XXII, a chance de um relacionamento onde esses pequenos encantos não sucumbam no profundo mar do ceticismo será, então, a mesma que a de um possível novo alinhamento dos planetas do sistema solar: uma a cada um trillhão de anos.

--> para quem ainda não viu ou não se cansa de ver o sonho de consumo de todas as mulheres: Casillas Encantado