segunda-feira, 8 de novembro de 2010

XX, oras!

Super Homem, a Canção

Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter

Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver

Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem dera
Ser o verão no apogeu da primavera
E só por ela ser

Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher

GIL, Gilberto

--> vale à pena ouvir: (clique aqui)

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Eu conheço uma família formada, basicamente, por mulheres. Aliás, conheço algumas famílias com esse mesmo formato. O interessante é observar o comportamento delas entre si mesmas durante um período de tempo. A maioria das mulheres dessa família, em especial, tem filhos; na verdade, filhas e isso só torna os fatos ainda mais reveladores. Três ou quatro delas têm marido, algumas são solteiras, se não me engano duas divorciadas e as outras duas são viúvas. Apesar da presença dos homens naquele cotidiano, me parece que ali há alguma espécie de energia predominantemente feminina. Como se a condição de mulher as tornassem as principais geradoras da força motriz que move aquela família. Talvez não pela quantidade delas, mas sim pelas características intrigantemente semelhantes. Acho que se fossem bichos seriam leoas, não pela questão da agressividade e sim pelo ardor da proteção. Os filhos são crias de todas elas, independente do ventre que vieram. É, eu acredito mesmo que as fêmeas – de um modo geral – já trazem consigo um tanto de ardor no instante em que nascem. Ao longo do tempo, provavelmente, a coisa vai tomando mais corpo e se instalando aos poucos no cérebro durante os primeiros 15 ou 20 anos de vida. Então, de repente, tudo vem à tona como um estalo precedendo uma avalanche gigantesca (cheia de questões, incógnitas e possibilidades) que te atropela e já avassala antes mesmo de terminar de passar completamente por cima de você. Aos 25 você já distingue perfeitamente quando as cobranças começam a se transformar em questão de gênero e deixam de ser por conta da idade. É quando os sintomas da mulherzice aguda já estão perceptíveis, completamente à flor da pele. Confesso que só me dei conta efetivamente da coisa do se ‘flagrar deixando escapar naturalmente um bocado de feminilidade’ há uns dias atrás. O fato é que, na verdade, eu teria usado a palavra feminismo ao invés de feminilidade, mas resolvi trocá-la por ter tido novamente a mesmíssima e quase incômoda sensação ao ouvir (de um certo moço) que eu era feminista. O sentimento inicial foi uma espécie de repulsa por ter percebido o termo como algo ligeiramente pejorativo. Com o passar do tempo e o desenrolar dos argumentos fui digerindo aos poucos o fato de que dificilmente conseguiremos deixar de lado nossa essência. Essa combinação de fatores não faz parte de uma equação matemática onde somando ou diminuindo elementos mais ou menos suaves é que se chega à fórmula exata para definir ou até mesmo diferenciar o âmago feminino do masculino. Há muito mais fortaleza, racionalidade e equilíbrio permeando o mundo cor de rosa (volta e meia também fica amarelo, branco, preto e azul; quando fica vermelho é meu período predileto) do que podemos imaginar. O que constitui o ser e a natureza das coisas, o que há de mais puro e subtil [nos corpos], como na definição de essência no dicionário, é o que realmente somos. Sendo assim: mulher às voltas com o eterno e doce drama de se permitir e (re) descobrir envolta no universo feminino.

Um comentário:

  1. opaaaa... show!! o novo layout do Blog ficou maneirooooooo!!! rs! Efusivas congratulações querida Priscila!!!

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