terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

sideways

'Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.



Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.
Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.


Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.
Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!


Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?'

MOSKA, Paulinho

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A verdade é que nunca entendi ao certo a fissura das pessoas por paralelas. Eu quero mais é uma vida esquina ou rua principal! Essa coisa das paralelas soa até um pouco poético, mas é pouco prático e nada funcional, sem contar a solidão - sempre companheira.


Eu quero caminhos que se cruzem, com direito a todas as suas pedras e flores do trajeto a que tenho direito. Prefiro o risco do encontro à utopia do 'quase lá' e do 'pertinho' (que nunca chegam). Ruas paralelas são próximas, costumam ter diversas coisas em comum, mas são alheias ao melhor da vida: o ponto de encontro! E ainda têm a monotonia da retidão, a pouca sinuosidade além da pressa que elas, ainda que involuntariamente, nos provocam.

Taí outra coisa que não entendo: pra quê a pressa se não haverá encontro? De quê adianta a ansiedade? Se não há um encontro, daqueles com que se sonham e tudo, as borboletas no estômago são um verdadeiro genocídio!
Travessas perpendiculares me parecem bem interessantes, ainda mais porque são aquelas que - geralmente - culminam numa praça com canteiros floridos e direito à criança incluída no combo! Passeios de bicicletas, piqueniques e pôres do sol me soam tão bem...É pra lá que quero ir!

6 comentários:

  1. Será que existe rua paralela? Acho que nunca conheci duas que fossem realmente paralelas. O problema é que as ruas nos levam para lugares bonitos e interessantes, e às vezes as mesmas ruas nos levam para lugar nenhum. Ou para a praça da indiferença, ou para a alameda da frieza.

    Acredito que de vez em quando é bom pegar o lápis e desenhar novas estradas.

    Besos.

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  2. Eu AMO a Seta e o Alvo!
    E também gosto muito de ler o que você escreve!

    Beijos, Pripa :)

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  3. Como diz Clarice Lispector, “é inútil encurtar caminhos e querer começar... já começando por ser despessoal... A trajetória somos nós mesmos”. Então, não há necessidade de correr ou ter pressa, mas também não importa se a rua é principal ou se é uma paralela a outra. O que de fato importa é que haja um ponto onde possamos encontrar amigos, amores... que vêm e vão ou que vêm e ficam!!!
    A gente se encontra, amiga, em um ponto...

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  4. Todas as cores concordam no escuro, assim como os caminhos!

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  5. É isso aí Priscila, identifiquei-me completa e plenamente com este texto, há "pessoinhas" que vivem de paralelazinhas e de repente, já se foi o momento e o instante mágico, eu quero a magia das perpendiculares, rs, grande beijo, belo e profundo texto!

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