terça-feira, 15 de dezembro de 2009

cabeça-de-vento

'Cabeça-de-vento
Cabeça-de-vento...

Minha mãe zangou e me chamou assim
Eu pensei pensei encasquetei até o fim.
Ser cabeça-de-vento não é ruim,
Vento é movimento, vento é vida para mim

Sem o vento a pipa nunca voa pelo ar
Sem o vento o barco a vela não sai do lugar

Cabeça-de-vento
Cabeça-de-vento...

Minha mãe zangou e me chamou assim
Eu pensei pensei encasquetei até o fim
Ser cabeça-de-vento não é ruim
Vento é movimento vento é vida para mim

É tão bom sentir no rosto o sopro do ventinho
Quando a gente vai de bicicleta ou pedalinho'

BEDRAN, Bia

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O menino cabeça-de-vento tinha uma irmã ou, na verdade, era uma menina. Hoje na cabecinha dela ventou tanto, mas tanto que o vendaval a levou até uma ruazinha não muito longe - apesar da contramão - meio estreita e que fica bem ali na vila da memória, esquina com a saudade. O vento foi tão forte que a pequena (porque ainda gosta de ser chamada assim) se lembrou da primeira vez em que foi chamada de cabeça-de-vento... E então sorriu.

As rajadas de vento a fizeram voltar no tempo e velejar por histórias de pescadores, se reencantar por sereias, escalar os troncos das árvores do faz-de-conta, brincar novamente com bonecas de pano e lata, passear em bicicletas e pedalinhos imaginários, dançar cirandas e até visualizar a cor de ouro do alecrim – mesmo com os olhos marejados. Passada a tempestade, a menina percebeu que bom mesmo era ser assim. E desejou continuar sendo a boa e velha cabeça-de-vento de sempre.

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