quarta-feira, 14 de outubro de 2009

parada


Silêncio e preconceito em Duque de Caxias
Prefeito José Camilo Zito proíbe parada gay no município, provocando protestos dos ativistas. Secretário Municipal de Segurança Pública explica que organizadores não apresentaram documentação. Ministro Carlos Minc se revolta

Duque de Caxias - Em meio a plumas e paetês, silêncio e preconceito. O prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito, não autorizou, ontem, a realização da 4ª edição da Parada da Diversidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) do município. Ele alegou ter “queixas do governo passado e cartas assinadas por pastores e pela Igreja Católica que condenam o evento e que há uma insatisfação da sociedade pela vinda de gente de fora”. “Digo e repito: não tenho nada contra o homossexualismo, mas contra eventos que apresentam um certo tipo de conduta que é contra os valores da família e que trazem problemas para a cidade”, declarou o prefeito. “Aconselhei que fizessem em um clube, não ao ar livre, mas eles não vieram a mim abrir diálogo”.

Diante de protestos dos organizadores — representantes dos grupos Arco-Íris e Pluralidade Diversidade (GPD) —, a prefeitura permitiu que um carro do trio elétrico ficasse concentrado por cerca de uma hora na Avenida Brigadeiro Lima e Silva, no Centro de Caxias. Mas a Parada Gay do município transformou-se em uma caminhada sem música e repleta de indignação. O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lutou pela liberação do evento.“Estranho essa atitude. Muitos prefeitos não são adeptos do movimento homossexual, mas o autorizam por reconhecerem o direito de manifestação que as pessoas têm”, disse Minc, que completou: “A Lei 3406/2000 proíbe a discriminação e se Zito não permite a Parada Gay, mas autoriza um evento evangélico, por exemplo, pode ser enquadrado na legislação”.

O Secretário Municipal de Segurança Pública, Sérgio Patrizzi, justificou a proibição dizendo que “eventos ao ar livre, que reúnam mais de mil pessoas, necessitam de documentos que não foram apresentados pelos organizadores”. O Superintendente da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Cláudio Nascimento, defendeu: “O ofício foi enviado há dois meses, mas o prefeito não emitiu comunicado oficial sobre a proibição”. Ativistas, que, segundo organizadores, eram 50 mil, estenderam a bandeira do arco-íris, símbolo mundial do orgulho gay. E exclamaram:“Alô, prefeito, que papelão. Você vai ver, na próxima eleição”. A 14ª Parada do Orgulho LGBT do Rio, autorizada por Eduardo Paes, será dia 1º de novembro, em Copacabana. *
*matéria publicada no jornal o dia em 14 de outubro de 2009
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Agora vejam só, ainda há quem realmente não consiga ser político nos dias de hoje. E olha que as dificuldades não são muitas, principalmente quando se tem uma armadura e o título de ‘mito’ da 3ª maior cidade do estado, que possui o 2º maior PIB de todo o Rio e o 15º do Brasil. É claro que eu poderia ficar aqui citando as diversas possibilidades e vantagens de ser gestor de um município como este – fazendo justiça e bom uso do tão querido, e quase, extinto diploma de jornalismo; usarei um pouco de imparcialidade – mas, é preciso lembrar que existem, também, inúmeras dificuldades. Sem querer me aprofundar em méritos tão específicos e, na maioria das vezes, enfadonhos onde as soluções estão cada vez mais claras e saltando aos olhos; preciso destacar a atitude do atual (e reincidente) prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito, de impedir a realização da Parada Gay na cidade.
Arbitrária e inconseqüente é o que, sucintamente, penso. Risível e asquerosa é a declaração do tucano ao afirmar que somente 10% dos participantes da passeata eram moradores de Caxias (Gabeira deve concordar comigo, já que soltou uma boa e longa gargalhada ao saber das palavras de seu – até o momento – aliado político). Propícia e coerente foi a comparação que o ex-secretário municipal de Assistência Social do Rio, Marcelo Garcia, fez entre Zito e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, equiparando suas coibições. Inteligente e solidária foi a postura do Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ao lutar ao lado dos homossexuais pela liberação do evento e ao lembrar que os cidadãos têm o direito de manifestação previsto na Lei 3406/2000 que proíbe a discriminação. Minc ainda ressaltou que se Zito não permite a Parada Gay, mas autoriza um evento evangélico pode ser enquadrado na legislação. Irônica e bem bolada foi a melô lançada pelos integrantes do movimento LGBT: “Alô, prefeito, que papelão. Você vai ver, na próxima eleição”. No mínimo, interessante e surpreendente pode ser o resultado nas urnas para o velho tucano de guerra.

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